domingo, 14 de abril de 2024

50 anos/50 livros – 25 de Abril 1974/2024 - Maria de Lourdes Pintasilgo (v)

Maria de Lourdes Pintasilgo

 

Maria de Lourdes Pintasilgo (1930-2004), um nome, uma afirmação. Mulher. Católica. Será lembrada por ter sido a primeira mulher a chefiar um governo em Portugal, primeira-ministra de Portugal, portanto. O que é absolutamente notável num país onde as mulheres só alcançaram o direito de igualdade com o 25 de abril de 1974. Infelizmente não foi votada para o cargo, foi nomeada. Nunca mais houve outra primeira-ministra, nem haverá tão cedo, o que diz muito de nós, portugueses.


PINTASILGO, Maria de Lourdes – Sulcos do nosso querer comum. Porto: Edições Afrontamento, 1980. 7000 exemplares, n.º de edição: 175. Prefácio de Eduardo Lourenço. Organização de Fátima Grácio, Isabel T. Teixeira, José Gonzalez, Manuela Oliveira, Margarida Losa, Marília Vieira, Ricardo Lima e Teresa Vasconcelos.

 

Conforme se lê na capa do livro, trata-se de uma compilação de recortes de entrevistas concedidas durante o V Governo Constitucional (1 de agosto de 1979 – 3 de janeiro de 1980), onde a governante aborda múltiplas questões com que o país se confrontava, na sua chegada ao grupo dos regimes democráticos constitucionais. Estava tudo por fazer, enquanto as forças da direita e da esquerda procuravam moldar o futuro das instituições. Visto à distância, a escolha de uma mulher católica conservadora para chefiar um curto governo transitório – fora procuradora da Câmara Corporativa do Estado Novo e trabalhou no maior conglomerado monopolista nacional, o Grupo CUF – foi positivo para Portugal. Porque era uma moderada e democrática.


PINTASILGO, Maria de Lourdes – As minhas respostas. Em diálogo com Eduardo Prado Coelho, Jaime Nogueira Pinto, João Carlos Espada. Lisboa: Publicações Dom Quixote, dezembro de 1985. Coleção Participar, n.º 26. 

 

Trata-se de mais uma obra em que Maria de Lourdes Pintasilgo se dá a conhecer e às suas escolhas políticas e sociais. As minhas respostas serviria para lançar Pintasilgo às eleições presidenciais de 1986, onde concorreu contra Francisco Salgado Zenha, Ângelo Veloso, Freitas do Amaral e Mário Soares, que as venceu à segunda volta. Em 87 foi eleita para o Parlamento Europeu integrada nas listas do PS. A engenheira químico-industrial demonstra no livro que tem um pensamento próprio, independente, acutilante e muito atento às grandes questões do Estado democrático e social, aos direitos humanos e ao desenvolvimento económico e social de um país muito atrasado. Não sendo de todo surpreendente, demonstra ser muito atenta às transformações.

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