domingo, 21 de abril de 2024
50 anos/50 livros – 25 de Abril 1974/2024 - Vasco Gonçalves (viii)
Vasco Gonçalves (em pouco mais de mil palavras)
Onde ler sobre nacionalizações, corporativismo e monopólios do Estado Novo? Em:
COSTA, Jorge; FAZENDA, Luís, HONÓRIO, Cecília; LOUÇÃ, Francisco; ROSAS, Fernando – Os donos de Portugal. Cem anos de poder económico (1910-2010). Porto: Edições Afrontamento, 2010.
Não deixa de ser surpreendente que José Joaquim Teixeira Ribeiro, o autor da introdução desta obra, vice-primeiro-ministro do V governo provisório e professor catedrático de Direito na Universidade de Coimbra, tenha defendido nesse texto que "a democracia não é compatível com a plena liberdade política". Estava equivocado, como sabemos. Defende-se, citando duas obras anteriores a 1945, de Julien Benda e Bénès. A ideia é que tinha sido a democracia que deu o poder ao partido nacional socialistas em 1933, na Alemanha. Na verdade, não foi a democracia que deu o poder a Hitler, mas o presidente Hindenburg, com uma série de tramóias pelo meio. A ideia do professor de Direito é que não se podia dar espaço político a partidos antidemocráticos em democracia. É espantoso porque parecia seguir a cartilha leninista, interpretando a queda de Vasco Gonçalves como um golpe das forças da reação. Mas a compilação de textos mostra outra coisa. Mostra de Vasco Gonçalves começava como um político moderado, que estava a tentar governar um país moldado por 48 anos de um "fascismo à portuguesa", e que, na sucessão de acontecimentos, torna-se mais radical, enveredando pela via revolucionária, a caminho do Socialismo. Mas não deixa de ter um discurso transparente, compreensível e honesto. Não surpreende, por isso, que depois de deposto não abraçou a causa política, ao contrário de outros. Muito útil como fonte.
AAVV – Companheiro Vasco. Porto: Editorial Inova, setembro de 1977. Coleção Retrato em Movimento n.º 1. Ilustrado. Direção gráfica de Armando Alves.
Este é um livro de homenagem. A Editorial Inova publicou anúncios na imprensa a pedir depoimentos para homenagear em livro o antigo primeiro-ministro, Vasco Gonçalves, entretanto promovido a general. [É pouco provável, mas é o que escrevem na badana.] E obteve um conjunto considerável de respostas. Entre os depoentes estão nomes como: Alice Vieira, Armando Castro, Arnaldo Pereira, Bernardo Santareno, César Príncipe, Eduardo Prado Coelho, Fernando Luso Soares, Francisco Pereira de Moura, Hélder Macedo, Urbano Tavares Rodrigues, Victor de Sá, Virgínia Moura, Mário Murteira, João Medina, Jorge Lima Barreto, José Ary dos Santos, José Gomes Ferreira, José Saramago, José Viale Moutinho, Luís Filipe Costa, Luiz Francisco Rebello, Manuel Sérgio, Maria Alzira Seixo, Óscar Lopes, Papiniano Carlos, Ruy Luís Gomes. Contém ainda reproduções de quadros, cartazes, pinturas, desenhos e murais de Armando Alves, José Rodrigues, João Abel Manta, Vespeira, João Hogan, Querubim Lapa, Virgílio, Cipriano Dourado, Gil Teixeira Lopes, Rogério Ribeiro, Alberto Carneiro. O melhor, no entanto, são os poemas escritos em homenagem a Vasco Gonçalves, por: António Ramos Rosa, Armando Silva Carvalho, Casimiro de Brito, E. M. de Melo e Castro, Egito Gonçalves, Eugénio de Andrade, Gastão Cruz, J. J. Letria, Maria Teresa Horta. O volume inclui também uma longa entrevista a Vasco Gonçalves, por Carlos Coutinho, que inclui diversos documentos e discursos, e uma nota biográfica que inclui toda a carreira militar, incluindo louvores e condecorações.
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