domingo, 9 de agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Panoramas do jornalismo português na silly season (I)

A jornalista da SIC, em directo, numa rubrica nova onde já se faz o balanço do ano de 2009 [Tudo bem, foi uma série de reportagens sobre imobiliário], pergunta ao promotor imobiliário: “Que medidas exigem do governo para pôr fim à crise? (cito de memória). Whatahell? Mas a jornalista é parva?


O interlocutor vendia apartamentos com preços a começar no milhão de euros, tinha já vários contratos promessa (sinais) e recebia esses valores sem que os compradores necessitassem de recorrer ao crédito! Ali não havia crise, mas a jornalista sentiu-se no direito de perguntar o que é que esta elite exige do governo! Francamente, a jornalista (ou os seus editores) está a dormir ou a fazer o frete aos ricos de Portugal, que são a minoria; e nada diz(em) sobre quem necessita de habitação, que até podia pagar, mas não acede ao crédito porque os bancos não permitem!


Tudo bem, foi um directo, mas o tom da reportagem foi sempre esse: coitadinhos-dos-construtores-e-promotores-imobiliários-que-têm-muitas-casas-para-vender-e-não-conseguem-vender-e-por-isso-estão-em-crise. E o resto da equação?: Quem necessita de casa?; Há necessidade de incentivos estatais para compra de casa?; Qual o panorama no arrendamento?; Há necessidades de incentivo (e se existem qual é o panorama?) para recuperação e restauro de casa própria?; Quais as necessidades de construção de habitação própria?. Sobre isto, e se calhar muito mais, nada!



[ouvindo politica-mente, new max, phala solo, 2009; procure mais em www.phalasolo.com]


[Imagens de pouca qualidade de Ilhas do Porto, pós-1974, retiradas de Ferreira, J. A. (coord.), (1999), Habitação Social no Porto, Porto: Câmara Municipal do Porto. Sem referência a autor]