quinta-feira, 18 de abril de 2024

50 anos/50 livros – 25 de Abril 1974/2024 - José Vilhena (vi)

José Vilhena

 

José Vilhena (1927-2015) era um marginal, estava à margem de todas as correntes oposicionistas ao Estado Novo e, no entanto, era um opositor ao Estado Novo. Estava sozinho, mas não era um opositor estritamente político. Vilhena denunciava através do cartoon a (falsa) moralidade do regime, mas também escrevia livros satíricos. Ninguém o levava muito a sério, mas o regime não queria que o lessem. Vilhena não desarmava e seguia os mais incríveis estratagemas para os conseguir editar. Encaixa perfeitamente na estirpe de autores como Luís Pacheco, que tratámos aqui no meios de produção. Rui Zink presta-lhe uma justa homenagem num trabalho científico.



ZINK, Rui – O humor de bolso de José Vilhena. Oeiras: Celta Editora, janeiro 2001. Capa: Mário Vaz e Celta Editora a partir de uma imagem de José Vilhena.

 

A obra, de pouco mais de 100 páginas, reproduz a tese de mestrado de Rui Zink, defendida na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas na Universidade Nova de Lisboa, em 1989. O autor aborda a produção bibliográfica do cartoonista José Vilhena, entre 1960 e 1974, ou seja, os 52 livros de humor satírico que o autor publicou durante o Estado Novo, dos quais três são livros de cartoons. A opção do professor universitário deixou de lado as revistas, que eram muito mais numerosas e populares. O humor de Vilhena é brejeiro, sexista, e explorava a brechas que a “moral oficial” do regime defendia e proclamava, procurando escapar à censura, num constante jogo de edição-distribuição-apreensão. José Vilhena tinha, pelo menos, 29 títulos na lista de livros proibidos.

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