O telejornal das 20h00 coincidiu com o final da missa que o Papa celebrava em Lisboa, no renovado Terreiro do Paço, de onde estava a ser emitido o serviço noticioso. 20h50, o telejornal ainda não deu outras notícias que não sejam a visita do Papa, que teve sempre cobertura em directo. Depois do espaço publicitário, seguem notícias nacionais (fala-se à boca cheia, sem qualquer informação oficial, de que o Governo e o principal partido da oposição aceitam cortar o subsídio de Natal do trabalhadores portugueses – uma das mais violentas medidas contra os trabalhadores desde a década de 1980; aeroportos nacionais encerrados por causa da nuvem do vulcão da Islândia; relatório da comissão de Ética do Parlamento sobre a liberdade de expressão finalizado), e da Europa (novo governo na Inglaterra) e do desporto (a Selecção Nacional de Futebol entra em estágio para o mundial que começa em Junho) e …mais Papa! O telejornal termina às 21h33, na mesma altura em que se justifica o directo: o Papa a dirigir-se aos jovens, a desejar boa-noite e a agradecer. Telejornal acabou por durar mais três minutos, finalizando com imagens do Papa e música sacra.
De notar que a única vez que o Papa se dirigiu aos jornalistas, no avião que o transportava para Portugal, durante 15 minutos, a cobertura foi deficiente, para não dizer outra coisa. Mostrou-se uma declaração fora do contexto que unanimemente foi associada aos casos de pedofilia na Igreja, e comentários de jornalistas da Reuters e RAI sobre o que disse. E o que disse o Papa durante 15 minutos? Não sabemos. Pelo jornalista da RAI soubemos que abordou a crise economia mundial e a questão das sociedades capitalistas.
(no canal 2 da RTP finalmente uma lufada de ar fresco no comentário sobre a visita papal, pelo jornalista da TSF e padre Manuel Vilas-Boas)
Ora aí está: serviço público de televisão português!
Deixo-vos o link do contrato assinado entre o Governo e a RTP (32 páginas em pdf)
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