domingo, 2 de novembro de 2008

Então, e não era melhor NACIONALIZAR a Galp ou a EDP?

Não costumo ligar o rádio ao domingo. Mas não costumo mesmo! Não sei por quê liguei a TSF às 17h00 e ouço esta: GOVERNO VAI NACIONALIZAR O BPN!

Hã!? Ouvi bem? Governo vai NACIONALIZAR o Banco Português de Negócios? Fantástico. O Governo vai propor a nacionalização do BPN à Assembleia da República. Ou seja, a Caixa Geral de Depósitos, o banco do Estado, vai absorver o BPN, anunciaram o ministro das Finanças e o governador do Banco de Portugal numa conferência de imprensa, que estava a decorrer àquela hora.

Ainda fui ligar a televisão para saber se as televisões estavam a transmitir a conferência de imprensa, que teve lugar depois de um Conselho de Ministros extraordinário. Como se esperava, nada! Ainda se fosse algum treinador de futebol despedido...

Razões para a nacionalização: crise financeira mundial? Não. Perdas em fundos de investimento? Não. É muito mais simples que isso, explicou o ministro das Finanças: operações financeiras de legalidade duvidosa que motivaram queixas na Procuradoria Geral da República. Boa! Que montantes estão implicados nessas operações financeiras de legalidade duvidosa? Nada, zip, silêncio... Ou ninguém fez a pergunta?

Estou pasmado! O PSD [o principal partido da oposição e que tem alternado o poder com o PS] apressou-se a dizer que não se opunha, só queria era saber mais pormenores. Boa! Onde é que estão os reaccionários e os defensores da liberdade do mercado financeiro, aqueles que juram a pés juntos que o mercado se regula a si próprio? Devem estar de fim de semana ou a meter férias por tempo indeterminado.

Para que conste, o BPN nasceu em 1993, tem cerca de 4 mil funcionários [passarão a funcionários públicos ou vão para o olho da rua?], mais de 200 agências bancárias espalhadas pelo país e é auditado pela BDO Binder & Co. Em 2007, os recursos totais dos clientes eram de 4,7 mil milhões de euros e geria 2,2 mil milhões em fundos de investimento. Nesse ano o banco valia cerca de 8 mil milhões de euros, mas apresentava pouco mais de 56 milhões de resultados líquidos do exercício, uma quebra superior a 13 por cento face a 2006.

O que o senhor ministro das Finanças e o governador do Banco de Portugal não disseram [alguém perguntou?] é o que vai acontecer às empresas geridas pelo BPN, às empresas do universo BPN, as principais, as da área da saúde e dos seguros [ver aqui]. O BPN, por exemplo, através da Sociedade Lusa de Negócios, gere o Hospital Privado da Feira e, entre outros, está a construir um na Maia, em parceria com a Misericórdia local. [A SLN já não tem página na internet, já teve...]

Senhor ministro das Finanças, proponho que os hospitais privados do BPN passem a ser públicos, passem a ser hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Que tal? Não era necessário construir hospitais novos, que tanta falta vêm fazendo, nem convenções com os privados, e assim ganhávamos todos, não ficávamos só com as dívidas do BPN! Que tal?

E aproveito para lhe perguntar o que é feito do senhor Costa, Oliveira Costa [não o Eduardo, mas o José]? Esse espantoso secretário de Estado do Orçamento dos tempos do Cavaquinho, que abriu esse banco em 1993 e por aí andou, ufano, até a coisa correr mal e desaparecer, entregando a batata quente ao Cadilhe. Será que o Cadilhe também é integrado na CGD?

Olha ele aqui, o Costa, bem acompanhado, numa foto antiga retirada do Jumento

Mas já agora senhor ministro deixe-me dizer-lhe que o melhor era nacionalizar a Galp, a EDP, todos os serviços de águas municipais, o gás, a energia eólica, a recolha, separação e aterro de resíduos. Não acha? É que esses dão sempre lucro, funcionam como se fossem monopólios e assim até aliviavam as contas do Estado e saiamos deste atoleiro bem mais secos, limpos e felizes. Não acha senhor ministro!?




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