Há quem fique – ainda – muito espantado quando houve falar
em “fascismo social”, logo agora que os portugueses acabam de assinalar 38 anos
de regime democrático. Portugal e os portugueses vivem um período terrível,
caracterizado por uma ocupação estrangeira, personificada numa troika (FMI, CE
e BCE), que tem no actual governo sufragado nas urnas (PSD e CDS/PP) o seu
braço armado, secundado por um presidente da República de direita.
Esses partidos políticos e o presidente da República
começaram por dizer que vivíamos acima das nossas possibilidades e que não
havia alternativa à ocupação estrangeira da troika, como forma de ganhar a confiança
dos mercados, que são os especuladores internacionais e que andam a ganhar
dinheiro à custa do incompetente sistema monetário do Euro, a que aderimos
no início do século.
Diziam eles (tal como o incompetente governo do PS de Sócrates
que os precedeu) que não havia alternativa à nacionalização do BPN. Ou seja, diziam
que não havia alternativa a que os portugueses pagassem o roubo
dos gestores e accionistas privados de um banco falido. Os portugueses
contribuintes não tinham nada a ver com banco falido, mas esses três partidos –
PS, PSD e CDS/PP – diziam que tinham que ser eles a pagar os prejuízos do banco
falido.
A partir daí foi sempre a cair: o actual primeiro-ministro
disse que a única alternativa para os portugueses era o empobrecimento e se não
conseguissem viver neste país, que emigrassem! Dentro desta política mentirosa
e fascista o primeiro sector a atacar era o laboral, iniciando de imediato acções
de desregulação do mundo de trabalho, baixando salários, aumentando impostos, retirando
subsídios aos pensionistas e trabalhadores do Estado (sugerindo o mesmo para o
sector privado), facilitando os despedimentos e destruindo o tecido empresarial
português, que é caracterizado por pequenas e médias empresas.
O resultado destas políticas era evidente para qualquer
pessoa de bom senso: aumento da recessão económica e aumento do desemprego.
Portugal, nesta altura, atingiu a mais alta taxa de desemprego
da sua história: 15,3%. E o governo promete que vai aumentar ainda mais!
Pois não é que surgiu hoje na Antena 1 (esta é a minha semana Antena 1), o secretário de Estado do Orçamento, Luís Morais Sarmento, a comentar a taxa de desemprego e a afirmar que é necessário facilitar ainda mais os despedimentos como medida para combater… o desemprego? [ouça enquanto "eles" não apagam]
Diz assim o governante: estes números são inesperados (?);
temos que acelerar as reformas no mercado de trabalho (??); o mercado de
trabalho revela uma rigidez muito grande (?????).
Portanto, para esta gente é necessário que a crise aumente
ainda mais e que a taxa de desemprego seja ainda maior. Qual é a lógica disto?
Auschwitz, foto da wikipedia |
Um outro guru deste estado de coisas vai ainda mais longe: trabalho grátis! Daniel Bessa, na mesma Antena 1 (a minha semana Antena 1) vem dizer que os desempregados, para receber o subsídio de desemprego deviam estar... a trabalhar! [ouça enquanto "eles" não apagam]
Ou seja, para que um desempregado possa receber o subsídio a que tem direito devia estar a trabalhar (compulsivamente, presumo) e receberia o salário a título de subsídio de desemprego! Esse guru da economia chamou-lhe trabalho assistido!
Notável! Lembram-se o que dizia à entrada do campo de concentração de Auschwitz?
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