quarta-feira, 2 de maio de 2012

Mas de onde é que saiu esta gente?


Há quem fique – ainda – muito espantado quando houve falar em “fascismo social”, logo agora que os portugueses acabam de assinalar 38 anos de regime democrático. Portugal e os portugueses vivem um período terrível, caracterizado por uma ocupação estrangeira, personificada numa troika (FMI, CE e BCE), que tem no actual governo sufragado nas urnas (PSD e CDS/PP) o seu braço armado, secundado por um presidente da República de direita.

Esses partidos políticos e o presidente da República começaram por dizer que vivíamos acima das nossas possibilidades e que não havia alternativa à ocupação estrangeira da troika, como forma de ganhar a confiança dos mercados, que são os especuladores internacionais e que andam a ganhar dinheiro à custa do incompetente sistema monetário do Euro, a que aderimos no início do século.

Diziam eles (tal como o incompetente governo do PS de Sócrates que os precedeu) que não havia alternativa à nacionalização do BPN. Ou seja, diziam que não havia alternativa a que os portugueses pagassem o roubo dos gestores e accionistas privados de um banco falido. Os portugueses contribuintes não tinham nada a ver com banco falido, mas esses três partidos – PS, PSD e CDS/PP – diziam que tinham que ser eles a pagar os prejuízos do banco falido.

A partir daí foi sempre a cair: o actual primeiro-ministro disse que a única alternativa para os portugueses era o empobrecimento e se não conseguissem viver neste país, que emigrassem! Dentro desta política mentirosa e fascista o primeiro sector a atacar era o laboral, iniciando de imediato acções de desregulação do mundo de trabalho, baixando salários, aumentando impostos, retirando subsídios aos pensionistas e trabalhadores do Estado (sugerindo o mesmo para o sector privado), facilitando os despedimentos e destruindo o tecido empresarial português, que é caracterizado por pequenas e médias empresas.

O resultado destas políticas era evidente para qualquer pessoa de bom senso: aumento da recessão económica e aumento do desemprego.

Portugal, nesta altura, atingiu a mais alta taxa de desemprego da sua história: 15,3%. E o governo promete que vai aumentar ainda mais!


Diz assim o governante: estes números são inesperados (?); temos que acelerar as reformas no mercado de trabalho (??); o mercado de trabalho revela uma rigidez muito grande (?????).

Portanto, para esta gente é necessário que a crise aumente ainda mais e que a taxa de desemprego seja ainda maior. Qual é a lógica disto? 
Auschwitz, foto da wikipedia

Ou seja, para que um desempregado possa receber o subsídio a que tem direito devia estar a trabalhar (compulsivamente, presumo) e receberia o salário a título de subsídio de desemprego! Esse guru da economia chamou-lhe trabalho assistido!

Notável! Lembram-se o que dizia à entrada do campo de concentração de Auschwitz?

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