Depois de escrever umas linhas sobre Óscar Niemeyer fiz uma
passagem por blogs amigos e dou de caras com esta notícia. A notícia da morte
de Papiniano Carlos mereceria outro destaque nos órgãos de informação
tradicionais. Portugal é um “país de poetas”, não é? Papiniano Carlos é dos
poetas contemporâneos mais editados e traduzidos. E, no entanto, pouco se nota.
Tive o prazer de o entrevistar em sua casa, em Pedrouços, Maia, em 2004, para o
extinto «O Primeiro de Janeiro». Entregou-me uma bibliografia completa da sua
obra, até à data, que espero reencontrar e acrescentar a este postal (a que se segue não está completa mas é, de facto, a fundamental). Também me
lembro bem do “reaccionarismo simpático” da maioria PSD da Assembleia de
Freguesia de Pedrouços que recusou fazer uma homenagem
ao poeta, depois de a aprovar por unanimidade. Notável, até porque os
filhos, os netos e os bisnetos dos autarcas da Maia aprenderam o ciclo da água
através do poema “Menina Gotinha de Água”. No fundo mostravam os tiques reaccionários
que o salazarismo montou ao eleger o comunismo, o socialismo e a democracia
como inimigos do regime. Os textos que se seguem foram publicados n'«O Primeiro de Janeiro», no tal suplemento «Concelho Maia», publicado às terças-feiras no concelho. Alguns deles eram repescados para a edição diária. Mais uma vez não consigo precisar as datas de publicação. Mas penso que os primeiros textos, que deram duas páginas, são de Outubro de 2004, o texto seguinte, uma coluna, é do início de Dezembro de 2004 e o último foi escrito a propósito da inauguração da sede da Junta de Pedrouços, a efectiva homenagem, que acabou por ser abafada pela festarola e pela distinção aos "professores do livro único", em Julho de 2005.
Papiniano Carlos vai ser homenageado pela assembleia de
freguesia e junta de Pedrouços
Poeta, resistente e interventivo
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Papiniano, foto da UP |
Papiniano Carlos foi homenageado pela sua editora, a
propósito da reedição de “Terra com Sede”. A assembleia de freguesia e a junta
de Pedrouços, na Maia, onde reside, estão a preparar uma homenagem pública ao
poeta, que completa 86 anos de vida. «O Primeiro de Janeiro» dá-lhe a conhecer
um autor que atravessou todo o século XX.
<assin>Paulo Almeida
<assin>Carlos Machado (fotografias)
No início do século XX, Portugal era um país atrasado, onde a
maior parte da população era analfabeta. Depois do golpe militar de 28 de Maio
de 1926 tudo ficou diferente, embora o atraso permanecesse.
Nas primeiras duas décadas do século, cresceram os movimentos
operários, multiplicaram-se as escaramuças entre republicanos e monárquicos, e
a Igreja Católica sofreu uma severa perseguição. António Salazar chegou à
presidência do Conselho de Ministros no início da década de 30 e instaurou uma
polícia política, aprimorando a censura prévia, nascida no golpe militar.
Com Salazar no poder, cresceu também uma corrente literária
que ficou associada à resistência à ditadura. O Neo-Realismo surgiu em revistas
juvenis, como “Outro Ritmo” (Porto, 1933), “Gleba” (Lisboa, 1934), “Ágora”
(Coimbra, 1935), e estendeu-se às revistas literárias de referência nascidas na
década anterior, como a “Seara Nova” ou a “Presença”. O Neo-Realismo, que
depois se estendeu às artes plásticas e ao cinema, ficou marcado por uma
dimensão de intervenção social, desenvolvendo-se com o clima gerado no
pós-Guerra Mundial, Guerra Civil Espanhola, e com a perseguição que o regime
salazarista fazia aos movimentos socialistas. Foram surgindo nomes na poesia,
no romance e no conto como Sidónio Muralha, João José Cochofel, Carlos de
Oliveira, Fernando Namora, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Soeiro Pereira
Gomes, Alves Redol ou José Gomes Ferreira.
Nessa altura, o Porto era uma cidade florescente. A vida
social fazia-se nos cafés, os homens andavam de chapéu e circulavam eléctricos
por toda a cidade. Mas também se passava fome.
<et>Tertúlia no “Rialto”
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O Rialto |
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pormenor |
Foi neste clima que surgiu um jovem poeta com um nome
estranho. Associado ao Neo-Realismo, Papiniano Carlos editou pela primeira vez
em 1942. Foi o livro de poemas “Esboço”, em edição de autor. Tinha 29 anos e
participava em tertúlias com Egito Gonçalves, António Rebordão Navarro, Daniel
Filipe (jornalista do "Diário Ilustrado"), e Luís Veiga Leitão. Mas
também Germano Silva, na altura jovem jornalista, Jaime Brasil (fundador do
suplemento Literário de «O Primeiro de Janeiro», “das Artes das Letras”, em
1942), António Ramos de Almeida (jornalista do “Jornal de Notícias) e,
ocasionalmente, José Augusto Seabra. Este grupo parava no desaparecido café
“Rialto”, na Praça D. João I. Papiniano recorda que o “Rialto” tinha uns
enormes murais de Abel Salazar, que dominavam por completo a sala. Os seus
poemas foram surgindo em publicações diversas, talvez a mais importante fosse
“Notícias do Bloqueio”, uma série de cadernos editados entre 1957 e 1961.
Embora identificado com uma segunda vaga do Neo-Realismo,
Papiniano Carlos ultrapassa este espartilhar. O poeta afirmou a «O Primeiro de
Janeiro», que a sua “imagem é o planeta Terra e as forças motrizes que movem a
Terra e movem também o homem em ascensão”.
O crítico literário Serafim Ferreira, escreveu no jornal “A
Página da Educação”, a propósito de “A menina gotinha de água”, que “o que pesa
em toda a obra de Papiniano Carlos é sobretudo o modo interventivo e participativo
de se servir da palavra poética como arma ou forma de compromisso sincero e
coerente. Ou como observou Jorge de Sena, a sua poesia ‘ergueu-se acima da
oratória, com vibrante generosidade e algum desdém pelas artes poéticas, e teve
larga influência em poetas ulteriores’”.
“A menina gotinha de água”, poema infantil editado em 1963,
é a sua obra mais conhecida, tem vindo a ser reeditada ano após ano, e tem
ensinado o ciclo da água a gerações e gerações de crianças.
<et>Prisioneiro político
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Lourenço Marques no início do séc. XX |
Papiniano Manuel Carlos de Vasconcelos Rodrigues nasceu na
antiga cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, em 1918. O seu pai era militar
e estava destacado em Moçambique, onde o filho permaneceu até completar o
ensino primário. “Vim cedo para cá”, disse-nos o poeta, “mas fiz o exame da
quarta classe em Moçambique, os exames eram muito bons lá. Estudei numa escola
pública, no meio dos mulatos, dos pretos, lidei com todas estas raças e
considerei-os meus irmãos. Mais tarde voltei lá, já homem. Fiz um circuito,
passei por Angola, fui a Moçambique, encontrei-me com gente conhecida, alguns
deles ainda eram vivos”.
Papiniano veio então para Portugal, para Cinfães, onde
residiam os avós maternos. Este contacto com as gentes do campo serviram-lhe de
inspiração para as personagens de “Terra com Sede”, livro que a Campo das
Letras acaba de reeditar . “Desde a infância lidei muito com o complexo das
aldeias, escrevi também muito sobre tudo isso”, esclareceu o poeta.
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Liceu Alexandre Herculano, projecto de Marques da Silva |
Estudou depois no Liceu Alexandre Herculano, começando a
escrever em jornais escolares. Chegou a entrar na universidade, inscrevendo-se
mesmo em vários cursos, mas nunca terminou nenhum. “Eu até era bom aluno,
tirava boas notas. Naquele tempo, de facto, comecei a ler muita coisa, fora já
do liceu, mas eu queria era ir para a tropa, o meu pai tinha sido tropa, mas
sabe o que me aconteceu? Fui fazer o exame e fiquei inapto e aquela carreira
acabou, não é?”, revelou Papiniano.
O clima de opressão que se vivia no país, com a censura
prévia e uma polícia política que tinha ouvidos em todo o lado, foram
aproximando Papiniano Carlos do Partido Comunista Português, a única força
partidária que se manteve activa desde o golpe de 1926. O poeta refere que o
PCP era a estrutura de oposição mais importante, conseguindo atrair os jovens
que queriam combater o regime, como ele.
Entre as décadas de 1960 e 1970, Papiniano viajou pelo
estrangeiro, representando o partido em diversas encontros, como no Congresso
Mundial da Paz, que teve lugar em Moscovo, em 1973. Entrava e saia clandestino
do país, o que lhe valeu várias prisões pela PIDE. “Uma vez vieram bater-me à
porta aqui em casa [na altura Águas Santas, freguesia da Maia], percebi que era
a PIDE e fugi para o quintal do vizinho, eles não me conheciam, mas quando
viram que andavam à minha procura, não disseram nada e ajudaram-me a escapar”,
contou-nos o escritor. Papiniano teve menos sorte noutras alturas, como quando
vinha de Argélia, de um congresso, e acabou encarcerado pela PIDE no Algarve,
quando desembarcava numa praia de pescadores.
<et>Azares da vida
A actividade política clandestina permitiu-lhe conhecer
algumas das personalidades mundiais da época, como o chileno Nobel da
Literatura Pablo Neruda. “Numa ocasião, era ele embaixador do Chile em Paris,
combinámos uma entrevista. Quando regressasse de São Paulo, eu passava por
Paris para fazer a entrevista durante um almoço… Mas acontece que, entretanto,
um tal Pinochet, com a ajuda dos americanos, tomou conta do país, mataram o
presidente, e com aquela agitação toda acabei por não fazer a entrevista”,
recordou Papiniano Carlos.
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Valentina Teráshkova, primeira mulher no espaço |
O escritor, aliás, não tinha qualquer inibição em conhecer
aqueles que se iam tornando vultos mundiais, em qualquer sector. “Conheci
também a astronauta soviética Valentina Teráshkova [a primeira mulher a subir ao
espaço, em 1963], foi na Bélgica, fui logo ter com ela, eu sou um gajo muito
rápido a dirigir-me às pessoas, falo logo com elas, muito prazer, etc, etc”,
confessa Papiniano.
O autor de “Caminhemos serenos” contou-nos como é que magoou
os dedos da mão esquerda, quando se preparava para seguir viagem, na estação de
Campanhã, mas “o outro azar que tive durante a vida” surgiu com a morte de
Henrique Perdigão, o fundador da Livraria Latina, no Porto. Papiniano
participou num concurso de contos, “passei o que tinha à máquina, fiz várias
cópias daquilo e mandei o livrinho, com um pseudónimo. Não ganhei, mas recebi
um menção honrosa, a minha mulher disse-me para eu ir lá receber o prémio, e
quando o Henrique Perdigão soube que era eu chamou-me e disse que o meu livro
tinha sido o melhor que apareceu no concurso e que o ia editar e ia editar os
meus livros todos, mas depois ele morreu de repente e acabei por não publicar
nada”.
<et>Os nomes do antigamente
O dia-a-dia de Papiniano não é hoje tão aventuroso. Vive numa
vivenda em Pedrouços, a única freguesia da Maia que faz fronteira com o
concelho do Porto e que pertenceu a Águas Santas até 1985.
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Portugal 7- Russia 1 |
O poeta conta-nos que vários nomes de ruas da sua freguesia
foram escolhidos por si, “foi a seguir ao 25 de Abril, comecei logo pela Rua do
General Humberto Delgado, depois Rua Abel Salazar, todos aqueles nomes
históricos do antigamente”. Escolheu os nomes dos vultos que combateram a
ditadura, muitos deles vítimas do regime fascista.
Recebeu em sua casa muitos destes resistentes e colegas de
tertúlia. Além de fotografias, livros e revistas da época, Papiniano
mostrou-nos uma parede escrita a lápis, que reservou para as mensagens dos seus
amigos. Entre outros, lá está uma dedicatória de Álvaro Cunhal.
Hoje os seus interesses são outros, “estou mais preocupado
com a nossa selecção, no último jogo com o Lichtenstein empatámos, mas
estivemos quase a perder, de maneira que amanhã, vamos ver… [o encontro com
Papiniano Carlos foi na véspera do jogo da Selecção Nacional com a Rússia, que
Portugal venceu por 7-1]. Eles eram amadores, mas corriam mais que os nossos,
mas o Scolari também fez umas substituições… Mas eu sou um treinador de
bancada…”.
COLUNA
Bibliografia de Papiniano
(Primeiras edições)
“Esboço” – Poemas, edição do autor, 1942, Porto;
“Ó Lutador” – Poema, edição do autor, 1944, Porto;
“Estrada Nova” – Poemas, edição do autor, 1946, Porto;
“Terra com sede” – Contos, Portugália Editora, Colecção
Gente Nova, 1946, Porto;
“Poema da Fraternidade” – Poema, edição do autor, proibida e
apreendida pela PIDE, 1946, Porto;
“Mãe Terra” – Poemas, edição do autor, 1949, Porto;
“A Floresta e os Ventos” – Contos e poemas, edição do autor,
proibida e apreendida pela PIDE, 1946, Porto;
“Caminhemos Serenos” – Poemas, Textos Vértice, 1957, Coimbra;
“Uma estrela viaja na cidade” – Poema dramático, edição da
revista Bandarra, 1958;
“A Rosa Nocturna” – Crónicas, Edições Sagitário, 1961,
Lisboa;
“A menina gotinha de água” – Poema para crianças, Portugália
Editora, 1963, Lisboa;
“A Ave sobre a cidade” – Edições Paisagem, Colecção Arte e
Poética, 1973, Porto;
“Sonhar a terra livre e insubmissa” – Poemas de Egito
Gonçalves, Luís Veiga Leitão e Papiniano Carlos, Editorial Inova, Colecção Duas
Horas de Leitura, 1973, Porto;
“O Rio na Treva” – Editorial Inova, Colecção Metamorfoses,
1975, Porto;
“Luisinho e as andorinhas” – Ab Livro, Edições Infantis e
Juvenis, 1977, Porto;
“O Cavalo das Sete Cores e O Navio” – Textos para infância e
adolescência, Editorial Opinião, 1980, Porto;
“O grande lagarto da pedra azul” – Textos para infância e
adolescência, Editorial Caminho, 1986;
“A Viagem de Alexandra” – Textos para infância e
adolescência, Porto Editora, 1989, Porto;
“A Torrente” – Casa Museu Abel Salazar, 1989, São Mamede de
Infesta;
“A Palavra Revelada” – Colecção Almeida Cousin, Instituto
Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 1997, Vitória, Brasil;
“A memória com passaporte” – Campo das Letras, Colecção
Campo da Memória, 1998, Porto;
O poema infantil “A menina gotinha de água” tem sido
reeditado todos os anos, em edições ilustradas e musicadas. O autor encontra-se
representado em diversas antologias poéticas, desde a década de 1960; o poema
“Canção de Catarina” foi musicado por Fernando Lopes Graça, em “Canções
Heróicas II”, em 1973; “A menina gotinha de água” serviu de texto para um filme
com o mesmo nome, realizado por Alfredo Tropa, para a RTP.
CAIXA
<t7>Intenções e homenagens
Papiniano Carlos foi homenageado pela sua editora, a Campo
das Letras, no último sábado, no Ateneu Comercial do Porto. A editora não
precisava de um pretexto, mas a reedição, este ano, de “Terra com Sede”, serviu
para juntar amigos e colegas de escrita em volta de um escritor que deixou
marcas no século XX. Fonte da Campo das Letras disse ao «PJ» que o editor Jorge
Araújo “conhece-o desde a mais tenra idade, foram companheiros, mesmo de
partido político, durante muitos anos. O Papiniano foi um poeta muito
importante, toda esta geração foi um grupo com muita força”. A mesma fonte
refere que, “em termos editoriais ‘A menina gotinha de água’ é o maior sucesso
de Papiniano, praticamente todos os anos reeditamos o livro. É extraordinário,
quem leu o livro percebe o seu sucesso”. O poeta deverá ser homenageado
publicamente até ao fim do ano pela assembleia de freguesia e junta de Pedrouços,
na Maia onde reside. Esta decisão foi aprovada por unanimidade no último
plenário, em Setembro. Porém, o «PJ» não conseguiu saber se essa cerimónia já
está em preparação, nem qual a data em que se realizará.
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Com a mulher, foto da Global Imagens |
<t7>Papiniano Carlos com homenagem polémica
A homenagem a Papiniano Carlos está a causar polémica entre
a Assembleia de Freguesia de Pedrouços e o executivo liderado por Abílio Sousa.
Acordada na última assembleia ordinária, entre assembleia e executivo, a
cerimónia de homenagem ao poeta deveria realizar-se até ao fim deste ano, mas
como os prazos se foram esgotando, ela foi sendo adiada. Agora, uma comissão da
assembleia propõe a cerimónia para Janeiro ou Fevereiro, enquanto o executivo
aponta para o dia 9 de Julho, altura em que será inaugurado o edifício da nova
junta, quando se comemora também o vigésimo aniversário da freguesia de
Pedrouços.
O presidente da Assembleia, Jorge Figueiredo, referiu ter
tido uma reunião com alguns membros desse órgão, que apontam a homenagem ao
poeta para uma data entre 15 de Janeiro e 12 de Fevereiro. Contudo, disse não
ter ainda contactado o executivo. Mesmo assim, Jorge Figueiredo afirma que o
dia 9 de Julho “é uma data histórica” e é uma possibilidade para a data da homenagem.
Por outro lado, o presidente da junta, Abílio Sousa, diz que
tudo deve ser feito “com cabeça, tronco e membros, ora, apenas e só por que foi
deliberado, temos que fazer? Não. Também não foi deliberado que [a homenagem]
era especificamente para [o Papiniano Carlos]. Também não foi deliberado
nenhuma data, disse e continuo a assumir, e sei que o meu executivo está todo
comigo, portanto, nada impede que a Assembleia de Freguesia promova uma
homenagem, tudo bem, não tenho nada a ver com isso, eu não vou, os meus colegas
de executivo se querem ir à homenagem, são livres de o fazer”.
A homenagem a Papiniano Carlos, residente em Pedrouços, foi
proposta pelo eleito do PCP, Etelvino Reis, na última assembleia ordinária da
freguesia, e foi aprovada por unanimidade. Na mesma altura, o executivo também
se associou à intenção, mas não ficou acordada nenhuma data.
<assin>P.A.
COLUNA
<t7>Papiniano Carlos homenageado
Papiniano Carlos, juntamente com outras personalidades da
freguesia de Pedrouços, foi homenageado ontem à tarde pela junta por “se
destacaram no desenvolvimento da freguesia, nas áreas da educação, da
literatura, da medicina, do teatro, entre outras”.
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Papiniano Carlos |
A “cerimónia singela”, nas palavras de Abílio Sousa,
decorreu no novo auditório da junta, de forma rápida e sem grandes discursos.
O poeta Papiniano Carlos, de 86 anos, reside em Pedrouços há
várias décadas e foi um resistente ao período fascista, tendo sido preso várias
vezes pela polícia política. Com a sua habitual timidez, não subiu ao palco,
como os restantes homenageados, mas pediu para ler um dos seus poemas. Escolheu
ler “A ave sobre a cidade”, o poema que dá o nome à obra que editou em 1973.
Papiniano Carlos deveria ter sido homenageado pela junta e
pela assembleia de freguesia no ano passado, mas Abílio Sousa recusou-se a
fazer uma cerimónia apenas para o poeta. Foi protelando a homenagem e resolveu
juntar outros nomes que “se destacaram no desenvolvimento da freguesia” num
evento preparado para coincidir com a inauguração da junta e aniversário da
elevação a freguesia. Papiniano Carlos, autor de um dos poemas mais vezes
editado em Portugal, “A menina gotinha de água”, foi homenageado este ano em
Vila do Conde e em Gondomar. Bragança Fernandes participou na cerimónia e
desejou a todos os homenageados, “na pessoa de Papiniano Carlos”, muito amor e
saúde.
Entre as personalidades distinguidas, algumas já falecidas,
contam-se o pároco local Guedes Pinto, o pintor António Fernandes, o cenógrafo
Mário Mendes, o fadista Augusto Silva, o pintor Abbot Costa, dois médicos, dois
enfermeiros e onze professores reformados.
De onde vieram as fotos:
Papiniano:
O Café Rialto:
Lourenço Marques:
A austronauta:
O futebol: