Hoje assinala-se a restauração da independência de Portugal, que teve lugar em 1640. Uma data, que além de feriado, só podemos assinalar com uma grande ironiazinha: uma ironia à portuguesa! Hoje é também a data escolhida para a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, um tratado da União Europeia, que nos tira mais um bocadinho de soberania. Os jornalistas estão a dizer que vamos ter uma “Europa mais forte”, uma “Europa mais firme”, ampliando a mensagem dos eurocratas e dos nossos políticos.
Não temos muito para festejar. Como festejar um tratado que nos tira mais soberania e poder de decisão? Que nos afasta mais dos centros de decisão da Europa? Com bombas?
Só me lembro das empresas multinacionais que saem do país, para se instalar noutros com mão de obra ainda mais barata, deixando um rasto de desemprego, de conhecimento desperdiçado, e de riqueza perdida; das empresas de ponta que se instalam em Portugal a prazo, com o alto patrocínio dos nossos governantes, deslocando depois a tecnologia para longe, levando com elas uma economia de escala, cuja ausência vai levar ao despovoamento do interior, movendo as pessoas para o litoral, aumentando a pressão sobre o ambiente, sobre a segurança, aumentando a pobreza e a desigualdade, promovendo o individualismo.
E ainda convidamos os nossos amigos históricos da América Latina para assistir à perda de mais um bocadinho do nosso poder de escolha. Não sei quem é que disse que somos um país falhado… É uma frase violenta, muito violenta para um português que conta 900 anos de soberania, 900 anos de construção de um povo. Temos que lutar para que essa frase seja mentira.
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