Actualização 9 de maio de 2019: nenhum dos links funciona [ver https://meiosdeproducao.blogspot.com/2008/05/reflexes-sobre-treta.html]
Confesso que tive alguma dificuldade em procurar os links que vos deixo. Não tanto por me sentir, qual Quixote, atrás de moinhos de vento. Mas porque este fait divers (que não o chega a ser) demonstra bem, e uma vez mais, a qualidade dos nossos jornais, rádios e televisões e, claro, dos nossos jornalistas e dos seus editores. E dos seus editores.
Uma série de factos que não indiciam nada – repito – nada, levou os jornais de referência a dedicar páginas inteiras aos factos que não indiciam... nada.
Uma vez alguém levantou-se de manhã e apercebeu-se que lhe tinham furado uns plásticos que cobriam o feno. Encontrou pegadas no chão de terra que não conseguiu identificar. Encontrou marcas nos eucaliptos, que também não sabia identificar. E achou que havia um leão (com 100 quilos de peso!?) à solta nas suas terras e eucaliptais. E foi a correr a contar tudo... aos jornais!
Claro que os jornais em Portugal (só em Portugal?) pegaram logo no assunto e escreveram centenas de linhas sobre o assunto. Depois vieram as televisões filmar as marcas nas árvores e as rádios entrevistar os agricultores.
E agora? Factos? Medo! Aquilo que os órgãos de informação deviam fazer era escrever sobre o medo, porque só o medo (neste caso, do desconhecido) é que pode levar à potenciação desta série de disparates.
Sabem o que há em S. Pedro Fins? Eucaliptais, terrenos de cultivo (quase tudo agricultura de subsistência), um típico desorganizado aglomerado habitacional e uma das maiores industrias poluentes do Norte do país, a antiga Siderurgia Nacional Maia, empresa de produção de aço do grupo espanhol Produtos Longos.
Já agora, sabem que animais conseguem subsistir num eucaliptal, além de insectos? Os Koalas. Mas em Portugal nunca poderiam viver porque não se alimentam de eucaliptus globulus que é a espécie que temos por cá e que serve a indústria da pasta de papel.
Agora só resta esperar que a história desapareça por completo e que nunca se encontre nada, ou que se encontre um cão vadio, ou um corvo, ou uma pêga ou um engraçadinho qualquer e a história desapareça por completo. Se realmente aparecer algum animal estranho que tenha justificado tantas palavras sobre o medo do desconhecido, cá estarei para fazer um mea culpa, com música e tudo! (A Maia é uma terra de fenómenos mas não é por causa disto!)
Ficam os links (espero que ainda acessíveis, mas apenas para ilustração):
ACT. 25/Jun/2008: A parvoíce continua:
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Maia&Option=Interior&content_id=961502http://dn.sapo.pt/2008/06/25/cidades/autoridades_desistiram_procurar_o_fe.html
ACT. 26/Jun/2008: Já agora, a freguesia maiata de S. Pedro Fins não se chama S. Pedro de Fins, nem S. Pedro de Sanfins.
ACT. 27/Jun/2008: e continua:
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Maia&Option=Interior&content_id=962016
ACT. 28/Jun/2008: continua:
ACT. 5/Jul/2008: outra (houve algumas que me escaparam mas sei que elas andam aí):
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Maia&Option=Interior&content_id=964997
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