Era uma vez uma empresa que tinha como politica declarar o ordenado mínimo aos seus trabalhadores e omitir uma outra parte que completava o salário real. Eu fui trabalhar para essa empresa e acordei determinado salário. No final do primeiro mês recebi a totalidade do ordenado combinado, mas a empresa meteu-me à frente um recibo de vencimento com o ordenado mínimo e o restante foi pago “por baixo da mesa”. Ou seja, a empresa empregou-me mas, para efeitos de IRS e Segurança Social, só declarava o ordenado mínimo. O resto do meu ordenado não era declarado e podia ser qualquer coisa, uma gratificação, ajudas de custo, gorjetas, qualquer coisa mas, tudo, menos o ordenado real.
Eu insurgi-me logo no primeiro mês.
Fui perguntar ao director que situação era esta e retive três frases: “politica da casa”; “se não está bem, mude-se”; “a porta da rua é a serventia da casa”.
Perguntei aos meus colegas o que fazer, para contrariar a situação e eles asseguravam-me que estava tudo bem, que era assim mesmo com todos os trabalhadores. Fiquei surpreendido. Mas a surpresa aumentou quando comecei a perceber que estes colegas a quem pedi auxílio, ganhavam muito mais que eu. Mas só declaravam o ordenado mínimo. Eles trabalhavam ali há mais tempo que eu e só declaravam, para efeitos de IRS e Segurança Social, o ordenado mínimo.
A surpresa passou a terror. Eles não tinham qualquer perspectiva de futuro!
Eu comecei à procura de emprego e consegui arranjar um razoável. Mas o ordenado... é o ordenado mínimo. Mas pelo menos não ganho mais nada por fora.